“Como se a geologia acabasse à beira-mar”: escalas temporais e espaciais das ilhas brasileiras

Resumen

Locais de passagens, de disputas diplomáticas, de encontros e desen- contros, mitos e tragédias, as ilhas do Atlântico Sul, hoje em possessão brasileira, têm sido – como em diversos outros locais do mundo – nós es- tratégicos e inusitados de circulação de gentes, animais, plantas, fragmentos de rochas, publicações e de redes de pesquisas muito além de escalas locais ou regionais. A paisagem, a ocupação, os fragmentos de rochas como das ilhas da Trindade, Fernando de Noronha, dos Rochedos de São Pedro e São Paulo desfiaram ao longo dos séculos as teorias geológicas daqueles que se aventuraram por elas. Esse artigo insere essas ilhas nas discus- sões sobre a formação geológica das ilhas oceânicas e do próprio oceano. Abrange períodos anteriores às observações à distância em um único dia por Darwin em Fernando de Noronha até a metade do século XX em que pequenos pedaços de rochas da pequena ilha da Trindade a transformaram em uma extensa cadeia de montanhas submarinas e estabeleceram o caráter não vulcânico das rochas de São Pedro e São Paulo. Conclui indicando a importância das escalas temporais e espaciais em Geologia, para tratar da produção do conhecimento científico em suas interconexões em diferentes contextos geopolíticos, sociais e culturais.